Encante-se com Hallstatt – Um guia completo para se apaixonar

Não posso negar que sou apaixonada por cidades pequenas em meio à natureza, mas Hallstatt é sem dúvidas, uma das mais bonitas do mundo. Desde que vi uma foto de lá circulando pelas redes sociais, sabia que esse lugar tão lindo, cuja foto mais parece uma pintura, entraria no nosso roteiro de viagem a qualquer custo. E foi assim que, desviando o nosso roteiro pela Suíça (em agosto 2019) fomos até a Áustria para conhecê-la. Saiba tudo sobre Hallstatt, como chegar e o que fazer, nesse post detalhado que preparei com todo carinho para vocês.

Feche os olhos e tente imaginar um lugar mágico: uma pequena aldeia, com casinhas rústicas e coloridas, cheias de flores enfeitando as inúmeras janelas… em frente a um lago tranquilo e esverdeado, rodeada por uma imensa cadeia de montanhas verdejantes, que no inverno, ficam cobertas por neve branquinha. Essa é Hallstatt, a minúscula vila com menos de 2.000 habitantes, que de tão linda, se tornou um dos destinos mais conhecidos da Áustria e que atrai anualmente mais de meio milhão de visitantes de todo o mundo.

O lindo vilarejo de Hallstatt — Hallstatt – Fica mais fácil imaginar assim?

Hallstatt é um pequeno vilarejo na região montanhosa de Salzkammergut (traduzido: propriedade da câmara de sal), na Áustria, um dos mais belos trechos da paisagem rural austríaca. A cidade tem menos do que 60 quilômetros quadrados e fica espremida entre o lago Hallstätter e as montanhas de Dachstein. A maior das montanhas da região é chamada Hoher Dachstein, com 3.000 m de altura!

Debruçada sobre o lago e de frente para as montanhas, Hallstatt parece ter saído de um cenário de conto de fadas. É um desses lugares que a gente até duvida que exista, de tão absurdo de lindo. Veja mais algumas fotos:

Hallstatt é tão linda, diferente e especial, que em 2011, uma companhia estatal mineral chinesa, Minmetals Land, construiu na China, na província de Guangdong (sul do país), uma cópia fiel da cidade em tamanho real, a qual chamaram de Hallstatt See (made in China). Por isso, encontramos tantos turistas chineses por lá, que vão para conhecer a cidade original e comparar com a cópia chinesa. Veja alguns prints de um vídeo aleatório do YouTube:

A réplica de Hallstatt é parte de uma tendência na china para imitar ou reconstruir outras partes do mundo. Há muitos lugares semelhantes na china que incluem uma cópia da torre eiffel em tianducheng e várias cópias de castelos europeus em chongqing. Para outras partes de cidades inteiras replicadas na china, há um manhattan em tianjin (tianjin’, e uma cópia do jackson hole, wyoming em hebei hole, china) e uma réplica veneza em dalalian, província de liaong.

Considerada Patrimônio da Humanidade pela Unesco desde 1997, o vilarejo não é apenas repleto de belezas naturais, mas também abriga uma das, se não a mais antiga, mina de sal do mundo. Não é atoa que Hallstatt significa (hall = sal, statt = lugar). Essa região da Áustria é famosa por sua produção de sal e carrega mais de 7.000 anos de história. Os abundantes depósitos de sal da montanha, formados pela evaporação da água do mar há mais de 250 milhões de anos, foram uma das razões pelas quais esta pequena aldeia ficou conhecida.

A atividade humana no local remonta à pré-história, com os depósitos de sal sendo explorados já desde o segundo milénio a.C. As minas de sal desempenharam um importante papel no desenvolvimento econômico e social de toda a região. O sal formou a base da prosperidade da região, que já foi uma das mais prósperas da Áustria, até meados do século XX.

Na época imperial, o sal valia mais que o ouro. O sal era tão importante que os trabalhadores recebiam em sal – não em dinheiro – o pagamento do mês. Foi assim que surgiu a palavra salário.

Diversas descobertas arquelógicas foram feitas em Hallstatt e nos seus arredores (encontraram-se vários objetos metálicos, de usos variados, na sua maior parte em ferro que remontam à primeira metade do primeiro milénio a. C) e a importância da cidade para o período de transição da Idade de Bronze para a da Idade de Ferro na Europa Central, cunhou o termo “Cultura de Hallstatt” ou “Idade de Hallstatt”. Até hoje descobertas ainda são feitas na montanha sal de Hallstatt.

Seja pela história ou por sua beleza, Hallstatt é um passeio imperdível!

Curiosidade: É em Hallstatt que se encontra o Memory of Mankind, uma espécie de Cápsula do tempo, onde está sendo guardado o conhecimento atual. Memory of Mankind (MOM) é um projeto de preservação fundado em 2012 por Martin Kunze. O objetivo principal é preservar a civilização moderna do esquecimento e da amnésia coletiva. As informações e conhecimentos são impressos em tablets de cerâmica e depois são enterrados na mina de sal de Hallstatt. Em tempos onde Aquecimento global, nuclear e biológica ameaçam a existência da civilização, salvar o núcleo do conhecimento e cultura adquirida pelos séculos é uma forma de backup. No caso de um colapso, o projeto MOM pode ajudar os sobreviventes à reconstruírem a civilização.

Como chegar em Hallstatt

Chegar em Hallstatt pode ser fácil ou difícil, dependendo da opção escolhida, porém todas elas proporcionam belas vistas pelo caminho. A maneira mais fácil de chegar saindo de Salzburg, cidade grande mais próxima, é de carro, cerca de 1h15.

Algumas distâncias:

De Salzburg: 71km
De Innsbruck 172km
De Viena: 289km
De Munique: 209km
De Linz: 125km

/// DE CARRO

Indiscutivelmente estar de carro é a melhor opção para conhecer Hallstatt, pois é a forma mais rápida e prática de se chegar até a vila. Basta seguir o GPS e tentar não parar algumas vezes no caminho para apreciar as lindas paisagens na estrada.

Importante: Caso seja necessário alugar um carro apenas para chegar em Hallstatt é preciso ficar atento aos gastos. Deve-se considerar o valor da diária, combustível, vignette (se alugar o carro fora da Áustria) e estacionamento.

Se precisar alugar um carro, nesse site você consegue comparar os preços de várias locadores e reservar com o melhor preço, parcelamento e pagamento só no dia da retirada.

Pedágios na Áustria – Vignette

Na Áustria, assim como em outros países da Europa, não existem cabines de pedágios, mas para manter as rodovias extremamente cuidadas e sinalizadas, estes são cobrados através de uma única taxa, na forma de Vignette – um adesivo que deve ser colado no vidro dianteiro do carro que te dá o direito a dirigir por todo país.

Esse adesivo pode ser comprado em postos de gasolina no país e nas fronteiras e mais recentemente passou a ter a versão digital (atenção: na versão digital é necessário informar a placa do carro). Preço: – 10 dias: 8,70 Euros – 2 meses: 25,30 Euros – 1 ano: 84,40 Euros 2020). Certifique-se de manter com você o recibo do Vignette, porque este é somente válido se você exibir o recibo de compra. Apesar de não termos visto nenhuma fiscalização, podem haver sensores espalhados pelas estradas. De qualquer modo é bom saber que a multa para quem for pego sem o Vignette é bem salgada e varia de €120 a €240.

Certifique-se de manter com você o recibo do Vignette, porque este é somente válido se você exibir o recibo de compra. Apesar de não termos visto nenhuma fiscalização, podem haver sensores espalhados pelas estradas. De qualquer modo é bom saber que a multa para quem for pego sem o Vignette é bem salgada e varia de €120 a €240.

De acordo com o site oficial, é possível alterar a placa do carro, se incorreta, desde que antes do início da validade da Vignette. Essa seria uma solução para adquirir a Vignette on-line, para carros alugados (que não sabemos a placa), e altera-lá após o recebimento do mesmo. Para isso, a data de início para a vigência da Vignette precisa ser posterior a da troca.

Para saber se o seu carro alugado já possui alguma Vignette digital válida, use este site aqui. Informando a placa do carro e o país, ele mostra informações sobre o tipo de veículo e a validade da vignette associada.

/// DE TRANSPORTE PÚBLICO

Chegar de transporte público em Hallstatt também é possível mas um pouco mais complicado e demorado do que de carro, o que pode tornar uma visita bate-volta mais cansativa ou não recomendada. O trajeto saindo de Salzburg dura aproximadamente 2h30 – não tem trens ou ônibus direto pra lá.

//Ônibus ou Ônibus + Trem

A forma mais popular para chegar em Hallstatt é pegar um ônibus (postbus) que sai da estação principal de Salzburg (ou de qualquer outra parada do ônibus) e vai até a cidade de Bad Ischl (você deve pegar o BUS 150, de preferência o mais cedo possível). Chegando em Bad Ischl, você pode pegar o BUS 542 e seguir até Hallstatt de ônibus (com uma conexão em Gosaumühle – fique atento para descer no ponto certo) ou pode continuar a jornada com o trem (a estação de trem fica em frente a estação de ônibus da cidade). No caso de ir de Ônibus, basta comprar o bilhete no primeiro ônibus, com o motorista, e ir apresentando nos seguintes.

Optando por ir de ônibus direto até Hallstatt, saiba que a rodoviária não fica no centrinho “turistável” da cidade. Pelo Google maps a distância caminhando é de aprox. 8 minutos por uma rua predominantemente plana. Outra opção seria pegar um barquinho até o centro.

Distância da rodoviária de Hallstatt até o centrinho

Se optar pelo trem, saiba que o trem para no lado oposto do lago, onde fica a estação de trem de Hallstatt. Nesse caso é preciso pegar um barco para atravessar atravessa-lo. O ticket do trem pode ser comprado em uma das máquinas da estação. É bem simples de usar!

Chegando na estação de trem de Hallstatt (que na verdade é uma pequena casinha, sem nenhum funcionário, à beira do trilho de trem), basta seguir o único e curto caminho existente em direção ao lago, que você sairá exatamente no píer, onde o barco aguarda os passageiros (a saída dos barcos coincidem com a chegada dos trens). Importante: o barco só circula até o fim da tarde.

A travessia custa 3,00 euros (cada trecho), quantia que deve ser paga diretamente ao barqueiro. Agora, basta pegar o melhor lugar do barco (de preferência na parte de fora) e se deixar deslumbrar pela paisagem ao redor e pelo pequeno vilarejo, cuja beleza se agiganta nos seus olhos à medida que o barco vai se aproximando da margem contrária. São apenas 7 a 10 minutos de travessia mas que proporcionam uma paisagem incrível.

Em Salzburgo, é possível deixar as malas na estação central antes de embarcar para Hallstatt. A operação é toda feita por uma máquina, que só aceita moedas e notas de 5 e 10 euros. Escolha o tamanho do armário (médio 2,50 euros e grande 3,50), digite o código, pague e retire seu ticket. Na volta, é só inserir o papel para destravar o armário. Rápido, prático e seguro.

//Trem

É possível ir direto de trem até Hallstatt, mas essa tende a ser a opção mais cara. Em Salzburg, pegue um trem que fará conexão em outra cidade (provavelmente Attnang-Puchheim). Dependendo do horário de saída escolhido, poderá haver mais uma conexão. Nesta outra cidade, pegue outro trem, que te deixará na estação de Hallstatt (do outro lado do lago). A partir daí você já sabe: só pegar um barquinho e seguir até o centro.

Os trens são confortáveis, mantendo o padrão europeu, e as paisagens que surgem no caminho (assim como no ônibus), especialmente na metade final do trajeto são deslumbrantes.

Para melhor apreciar a vista, sente-se em algum assento da esquerda do vagão. No entanto, quando estiver a 5 minutos da chegada, tente trocar para o lado direito, pois as vistas que surgirão, incluindo o próprio vilarejo de Hallstatt ao fundo, serão de tirar o fôlego!!

Links de Interesse

Trem – www.oebb.at/en/index.jsp
Ônibus – www.postbus.at/en/index.jsp
Barco que liga a estação de trem de Hallstatt ao centrinho da cidade = Stephanie Ferry – www.hallstattschifffahrt.at/english/timetable/index.html (está fora do ar no momento)

Estacionamento em Hallstatt – a nossa experiência

Hallstatt é limitada pelas montanhas de um lado e pelo lago de outro. A maior parte das ruas são estreitas, há pouco espaço para circulação de veículos. Não é permitido circular de carro no centro histórico da cidade, onde ficam as principais atrações, mas há 4 estacionamentos pagos disponíveis ao redor da vila (P1, P2, P3 e P4). O P4 foi recentemente aberto em 2020.

Assim que você avistar o túnel na entrada da cidade, preste atenção nos painéis eletrônico indicando a direção para os estacionamentos e o número de vagas em cada um. Evite o estacionamento P1 se você estiver fazendo apenas um bate-volta, porque esse é reservado às pessoas que ficarão ao menos uma noite em um hotel no centro da vila. Para aqueles que possuem acomodação, um serviço de transfer é oferecido até o hotel na ida e na volta. É só parar o carro no P1, tocar o interfone (se não tiver um carro te esperando lá), e pedir o shuttle para determinado hotel.

Para quem não vai dormir, o estacionamento mais próximo do centro é o P2, era o que pretendíamos deixar o carro, já que ele é também o mais próximo ao funicular que leva a parte alta da cidade, onde fica a mina se sal, que iríamos visitar. Infelizmente por ser auge do verão europeu, a cidade estava lotada e passamos, não menos do que 1 hora, rodando para achar uma vaga para estacionar (elas se esgotam rapidamente no verão).

Distância dos estacionamentos até a mina e o centro de Hallstatt:

P1
mina: 5 minutos
centro: 20 minutos
P2
mina: 1 minuto
centro: 15 minutos
P3/P4
mina: 30 minutos
centro: 40 minutos

A cidade estava tão cheia que existia um funcionário na entrada do P1 (o que não é habitual), orientando as pessoas à se dirigirem ao P3 e claro, proibindo a entrada ao P1 para os que não possuíam reserva. Por sinal, bem mal humorado, acenando com o braço e pedindo para seguir.

Acontece que o P3 era muito longe do centro de Hallstatt, cerca de 2,6km e teríamos que andar uma longa distância. O P3 não era uma opção para nós que teríamos pouco tempo. Depois de muito rodar, por muita sorte, achamos uma vaga no pequeno estacionamento rotativo que fica no túnel que dá acesso à cidade (short term parking) numa localização excelente, mas com um ponto negativo: só poderíamos estacionar por um período de 1h30 e isso não era suficiente para nós. Este local não é pago, basta ter o cartão de parking (um cartão azul que marca a sua hora de chegada no local) e este já veio no carro quando alugamos. Pelo menos uma coisa boa.

O jeito foi arriscar, correndo o risco de receber uma bela multa, mas ou era isso ou retornar. Chegamos a voltar no estacionamento duas vezes para saber se tinha alguma multa no pára-brisa ou policial próximo, mas para nossa sorte (e talvez pela loucura que estava a cidade), eles foram mais flexíveis ou estavam ocupados e o pior não aconteceu. Para chegar ao centro, do túnel, basta descer a escada em frente ao pequeno estacionamento. A vista é incrível! Ainda que não estacione por lá, vale a pena subir a escada que dá acesso ao túnel para ver a linda Hallstatt de cima.

Quantos dias ficar

Hallstatt é uma villa muito pequena, você pode caminhar de um extremo ao outro, sem parar, em apenas aprox. 30 minutos. A menos que você deseje explorar toda a região ao redor (que diga-se de passagem é uma das mais bonitas da Áustria), dá para conhecer a vila de Hallstatt em um simples bate-volta saindo de Salzburg ou outra cidade próxima (não recomendo viagens de longa distância pois te deixarão sem tempo para aproveitar as principais atrações do local).

Com um pouco mais de calma e tempo (1 ou 2 noites), é possível visitar outros pontos turísticos próximos, como o Five Fingers, o lago Gosau, uma caverna de gelo (chamada Eisriesenwekt Werfen) o Glaciar Daschstein (Daschstein Gletscher) e outros lindos lagos.

Um erro muito comum de quem programa uma viagem à Hallstatt é não se permitir tempo suficiente para conhecer a região. Muitos não sabem que há mais para ver em hallstatt do que apenas a aldeia e perdem as tantas outras atrações que poderiam ser apreciadas por lá. Portanto, uma das dicas mais importantes de viagem para Hallstatt é: saiba o que você quer conhecer, para que você se dê tempo suficiente.

Infelizmente dedicamos apenas algumas horas à Hallstatt, pois nosso roteiro de viagem estava bem apertado e acabamos saindo com gostinho de quero mais. Não cometa o mesmo erro.

Atrações ao redor de Hallstatt- Imagem Divulgação

Quando visitar

A cidade é perfeita para se visitar em qualquer época do ano, apresentando paisagens diferentes de acordo com a estação. No verão temos montanhas verdinhas, no inverno cobertas de neve. É no verão que você terá um dia mais longo (escurece por volta das 20:00h) e muito mais tempo para aproveitar o local. Já no inverno há várias estações de ski na região e telhadinhos de casas cobertos de neve por todo o lado.

Os meses mais quentes são julho e agosto; em maio e junho há maior probabilidade de chover; em setembro e outubro as temperaturas são amenas e de dezembro a fevereiro as temperaturas são mais baixas com maior frequência de queda de neve.

Não gosto muito de repetir destinos, mas é um lugar que adoraria visitar nas quatro estações do ano.

Hallstatt no inverno – Imagem Divulgação

O que fazer em Hallstatt

///Centro histórico

Hallstatt é tão pequena que o maior barato em visitar a cidade é poder conhecê-la inteirinha a pé. Tanto que você nem vai se preocupar em pegar um mapa. O ideal mesmo é ir descobrindo os lugares conforme for caminhando.

Deixe seu carro no estacionamento e use as pernas para circular pelas ruelas. A melhor forma de se encantar com o lugar é começar o passeio pelo seu charmoso centro histórico (que de tão pequeno, é quase a cidade toda), apreciando a beleza arquitetônica do Século XVI. Todas as ruas são charmosas e as casas super bem cuidadas e enfeitadas com flores.

No centro da vila não é permitido a circulação de carros, com exceção dos moradores que possuem autorização para isso. Logo na entrada, que fica ao lado do túnel, encontramos o centro de turismo da cidade, onde é possível obter informações sobre as atrações turísticas e solicitar o àudio-guia (com 51 pontos de áudios empalhados pela vila) a um custo de 5€. É necessário deixar um caução (50 €) para retirada do aparelho, mas ele é devolvido novamente na entrega.

Explore as ruelas e becos, observas as casinhas de madeira em estilo alpino espremidas na base da montanha e as janelas dos chalés repletas de flores coloridas nas janelas. Suba todas as escadas que você encontrar e aproveite a vista lá do alto que é ainda mais que incrível, com pontos de vistas totalmente novos. Na rua Badergraben não deixe de observar uma linda cachoeira fluindo do paredão da montanha ao fundo da rua – a Cachoeira Muhlbach.

Cachoeira Muhlbach fluindo na rocha íngrime ao fundo

Passei pela margem do lago observando as belas casas alpinas de madeira que se apertam na encosta da montanha e na beira do lago. Caso você não tenha chegado em Hallstatt de trem, eu recomendo muito um passeio de barco pelo lago, além de ser um passeio muito gostoso é uma excelente opção para curtir os arredores da vila e vê-la por outra perspectiva.

Há diferentes possibilidades, desde um passeio curto que liga a cidade até a estação de trem do outro lado, como também passeios circulares. Você também por alugar barcos a pedais (pedalinho em forma de cisne), a remo e barcos elétricos facílimos de conduzir – os barcos a motor são proibidos para preservar a serenidade do lago.

No Verão, dá para nadar na maioria dos lagos da região. Mas vale lembrar que eles são lagos de montanha. Ou seja: bastante gelados!

Localizada bem no coração de Hallstatt está a Praça do Mercado, a Central Square Markplatz, uma das principais atrações turísticas por lá. Na praça há diversos cafés, lojinhas e restaurantes, mas a maioria fecha às 17hs, assim como quase tudo na cidade. O centro da praça abriga a estátua da Santíssima Trindade e construções do século XVI, sendo um refúgio ideal para dar uma relaxada e comer algo, caminhando ainda pelas ruazinhas adjacentes. A escadaria próxima à praça principal, proporciona uma ótima visão da cidade e fotos incríveis.

Ainda na área central próximo a praça, você verá a igrejinha que sai em todas as fotos da cidade, a Evangelische Kirche Hallstatt (Igreja Luterana). Trata-se de uma igreja bem pequena que começou a ser construída em outubro de 1785, para ser uma casa de oração (a nova casa foi construída 5 anos depois). Com uma torre de estilo neogótico é um símbolo da liberdade religiosa (quando os protestantes foram autorizados a praticar sua religião) concedida pelo imperador Franz Josef I. A sua ponta proeminente pode ser observada de vários pontos da cidade.

Caminhando para o lado contrário à Igreja Luterana, você encontra a loja de roupas e de artigos esportivos chamada Janu (Dachsteinsport Janu). A loja ficou conhecida depois de encontrarem, durante uma escavação no subsolo (em 1990), um sítio arqueológico com peças muito antigas, que datam mais de 7.000 anos. Para visitá-lo, basta entrar na loja e procurar no lado direito, uma escada entre as prateleiras e os cabides (é de graça).

Seguindo pela rua, mais à frente, fica a Parish of the Assumption que é a Igreja Católica de Hallstatt. O altar, em estilo gótico, é impressionante, assim como os vitrais e as pinturas nas paredes externas. O legal é que ela está situada em um local privilegiado, em cima da Kalvarienberg, uma montanha que oferece uma das vistas mais incríveis da cidade. Para chegar nesta igreja é preciso subir uma escada, pois ela fica no alto da vila. Não tem erro, basta seguir as placas para Parkterrasse.

Ao lado da Igreja Parish of the Assumption, ficam outros dois pontos interessantes e curiosos da cidade: o cemitério e um capela de ossos (Hallstatt Ossuary/Beinhaus/The Charnel House). O pequeno cemitério de Hallstatt é muito bem cuidado e uma atração a parte. Parece mais um jardim (você vai cruzá-lo entre a capela e a igreja), com muitas flores pelo chão e com túmulos que lembram casinhas de bonecas. A vista do cemitério para o lago é bem bonita.

Atrás do cemitério está a Beinhaus, a Casa dos Ossos, que é na verdade, uma Capela, por isso uma Capelas dos Ossos. O local que data do século 12, abriga uma curiosa coleção de mais de 1200 crânios.

A Capela de Ossos foi uma alternativa para abrigar os ossos dos moradores de Hallstatt já que o cemitério era muito pequeno e não havia espaço para enterrar todos. Os esqueletos eram desenterrados depois de 10 – 20 anos, limpos e decorados com o nome e data da morte. O último crânio foi colocado em 1995.

Com a permissão da igreja católica para a cremação dos corpos, este costume foi deixado de lado, e o lugar virou apenas um ponto de visitação. A entrada no cemitério e na igreja é gratuita, mas há uma taxa para visitar o ossuário.

As pinturas nos crânios tem um significado próprio: as folhas de carvalho simbolizam a glória, a hera simboliza a vida, as rosas significam o amor e assim por diante.

///Classic Village Viewpoint – o Cartão Postal

Depois de passear pelo centrinho, chegou a hora de conhecer o ponto que proporciona aos turistas aquela famosa foto de Hallstatt. Lá é o melhor ponto para fazer um registro da linda paisagem e da vila de Hallstatt com a sua igrejinha pontiaguda ao fundo. Não será difícil de encontrá-lo, basta caminhar a partir da Market Square pela rua Gosaumühlstraße e quando passar pela Igreja Católica, saberá que está perto. No Google Maps, o ponto correto é “Classic Village Viewpoint/ Postcard Angle” – Gosaumühlstraße 67, 4830 Hallstatt.

///Skywalker

Depois de passer pelo centrinho de Hallstatt, chegou a hora de subir o Monte Salzberg para ver a cidade de cima. Apesar do ClassicView ser o ponto mais fotografado de Hallstatt, é daqui, na minha opinião, que se tem as fotos melhores fotos da vila e da paisagem.

Dá pra ver o lago inteiro, as montanhas, a cidade que parece ter se encolhido, numa visão quase 360° graus. Tudo isso graças a uma plataforma de observação suspensa a 360m sobre o lago, a Skywalk (Top of Hallstatt) que proporciona uma visão panorâmica da região. O seu formato pontiagudo, cria uma sensação incomparável de estar flutuando. O pessoal faz fila pra tirar foto na pontinha da plataforma, mas a foto mais bonita nem é ali, já que tem um mastro atrapalhando a vista. O melhor ângulo para fotos é do alto do restaurante ou nos banquinhos localizados um pouco acima da plataforma.

Skywalk Hallstatt Viewpoint – Imagem Shutterstock.com

É difícil descrever o quão lindo é a vista, só sei que por um instante, o tempo parecia estar completamente parado. Deus certamente estava em um de seus melhores momentos quando criou esse impressionante pedaço de natureza, ao redor do qual o homem tratou de ocupar quase que pedindo licença.

Ainda no alto desta montanha, você encontrará outra importante atração em Hallstatt, a Salzwelten. Embora seja uma, de muitas minas de sal desta região da áustria, Hallstatt tem a distinta honra de ter a mais antiga minha de sal do mundo e que ainda permanece ativa até hoje.

Para subir até o topo da montanha, ou Top do Hallstatt, você tem duas opções: uma trilha moderada, a Panorama Trail Hallstatt, com duração de 1 hora (e muitos degraus) ou subir de funicular que te leva até 838 metros acima do nível do mar em apenas 5 minutos (o mesmo funicular que você pega pra chegar à mina de sal). O ideal mesmo seria subir de funicular e descer andando, afinal para descer todo santo ajuda.

Se preferir ir a pé, para encontrar o início da trilha, você deve seguir para a rua Müller Stieg, atrás do cemitério da igreja católica no centrinho de Hallstatt. Lá, você encontrará uma escada e verá placas. É só subir vários degraus e depois caminhar pela trilha. Já o início do funicular fica próximo ao estacionamento P2.

Acesso ao funicular – Imagem: giroaosquarenta.com

/// Salzwelten

Uma vez no alto, é possível conhecer a mina por dentro através de um tour (em grupo) que parte em horários pré-determinados. O passeio dura cerca de 3h e os guias falam inglês e alemão. O ingresso é vendido na bilheteria do funicular que dá acesso a montanha. É possível comprar um ticket combinado (34 euros) que inclui a visita à mina e a subida e descida do funicular. Caso você decida apenas lá em cima fazer o tour, ainda há uma última chance de adquirir o bilhete. Consulte o site para saber os valores atualizados.

Bilheteria do funicular – valores 2019/2020

Ao chegar ao local que inicia o tour, eles te fornecerão uma roupa própria para ingressar na mina. É aconselhável ir com algum agasalho por baixo porque no interior da mina é super frio, em torno de 10 a 13 graus. Também é recomendável o uso de tênis ou sapato antiderrapante fechado pois o passeio é quase todo em pé passando por ambientes escuros.

O passeio consiste em uma caminhada guiada pelos antigos túneis de mineração, que se esticam por quilômetros montanha a dentro. Ao visitar a mina, o guia leva os turistas para viajarem no tempo e contam toda a história da mineração e da vida dos mineiros de um jeitinho super divertido.

Eu achei o passeio bem intrigante, mas esperei ver uma quantidade maior de sal no trajeto. Vimos apenas uns 6 cubos de sal expostos logo à frente do primeiro túnel, depois não vimos mais. Já o meu marido achou um pouco bobo, mais voltado para famílias com crianças.

Porém, não podemos negar que o passeio é muito bem produzido, dinâmico e interativo, com apresentações de audiovisuais e projeções que contam toda a história da exploração do sal. A parte divertida fica por conta de 2 escorregadores de madeira no qual você pode atingir até 35 km/h. Sua descida é fotografada e no final você pode adquirir a foto por 5 euros. Optamos por descer juntos (de casal), e nossa velocidade não foi muito boa… mas foi divertido!

O público aprende que os mineiros usavam a criatividade para percorrer túneis e galerias escuras e profundas: no passado, os trabalhadores da mina tinham que passar de uma plataforma para outra – são 14, e eles tinham que fazer isso o tempo inteiro. Daí eles criaram uma maneira simples e prática de subir e descer sem cansar: descer por um tobogã. No passado, para os mineiros, era um caminho de trabalho. Hoje, para quem vai conhecer a mina, é simplesmente diversão.

O passeio finaliza com uma espécie de trenzinho de madeira que corta um extenso túnel e leva os visitantes para fora da Mina. Como lembrança do passeio, no final você ganha um potinho do sal que é produzido no local.

Onde comer

Apesar de não ter almoçado em Hallstatt vou indicar três charmosos restaurantes com vista para o lago, onde você poderá comer um belo Wiener Schnitzel e prova o melhor da gastronomia Austríaca.

Wiener Schnitzel é um dos pratos mais famosos da cozinha austríaca. No Brasil é chamado de bife à milanesa.

Bräugasthof Inn: Localizado dentro de uma pousada de mesmo nome, este familiar e charmoso restaurante possui um pátio externo com vista para o lago. A parte interna tb é muito agradável, com móveis de madeira e muitas flores (pelo menos no verão). O pátio estava lotado e não haviam mesas disponíveis.

Rudolfsturm: Este restaurante fica ao lado do mirante Skywalker na parte alta da cidade e possui um belo terraço na área externa, com maravilhosa visão panorâmica da região e da parte sul do lago Hallstätter. É uma excelente opção para combinar com o passeio de visitação à mina de sal.

Restaurant Zum Salzbaron: Localizado dentro do hotel Seehotel Grüner Baum, este restaurante oferece pratos da tradicional gastronomia austríaca, além de peixes frescos e um bela carta de vinhos. Com ar mais sofisticado e moderno, possui um pátio externo muito agradável com vista belíssima para o lago.

Onde ficar em Hallstatt

Para conhecer Hallstatt, nós usamos como base a cidade de Salzburg, porque não teríamos tempo de sobra para explorar toda a região. Mas se você quiser conhecê-la com mais calma (e eu recomendo) é possível se hospedar na própria cidade, que tem uma meia dúzia de hotéis, ou nas cidade mais próximas, como Bad Ischl e St Gilgen.

As hospedagens em Hallstatt não são baratas, mas os hotéis em geral são bem aconchegantes. Para quem deseja ficar centro, deixo como sugestão o hotel que eu ficaria se tivesse pernoitado por lá, o Seehotel Grüner Baum. Este charmoso hotel butique, 4 estrelas superior, foi cuidadosamente restaurado e hoje abriga quartos amplos e confortáveis, alguns com varandas e vista para o lago e outros para a praça do mercado, onde a imperatriz Sissy, Adalbert Stifter e muitas outras personalidades já se hospedaram. O hotel possui uma localização excelente pois fica em frente à praça histórica de um lado e o outro lado do edifício fica em frente ao lago.

Não esqueça de fazer sua reserva com antecedência, principalmente no verão, pois a procura é alta e são poucas opções disponíveis.

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